"Sabemos que o Hamas usa escudos humanos, mas por que você noticiaria isso ao estar no meio da Faixa de Gaza, cercado por homens armados do Hamas?"
- Correspondente internacional, que pediu para não ser identificado.
Além da história dos escudos humanos há um outro fato que a imprensa internacional opta por ignorar: a execução extrajudicial de "colaboradores" palestinos durante as duas últimas semanas. As execuções teriam sido realizadas de forma extremamente brutal. O Hamas também tem atirado nas pernas de suspeitos de "colaboração" para evitar que eles possam se locomover.
É a imprensa que está ajudando o Hamas cometer crimes de guerra e sair impune.
O Hamas e seus propagandistas palestinos e ocidentais continuam a insistir que o movimento islâmico não usa civis na Faixa de Gaza como escudos humanos durante a guerra. Mas a verdade é que o próprio Hamas admitiu que faz uso de civis inocentes como escudos, para aumentar o número de vítimas e difamar Israel perante a comunidade internacional. [1] [2] [3]
Esta admissão tem, no entanto -- e naturalmente --, passado "despercebida" pela maioria dos jornalistas e analistas ocidentais. Muitos jornalistas na Faixa de Gaza têm optado por ignorar o fato de que o Hamas está forçando civis a servirem como escudos humanos. Eles também parecem ignorar o fato de que altos funcionários e milicianos do Hamas têm encontrado abrigo entre civis e em hospitais, especialmente no hospital al-Shifa. Foi mesmo uma coincidência que os porta-vozes do Hamas tenham escolhido dar entrevistas para os meios de comunicação árabes e ocidentais nas instalações do hospital al-Shifa? Por que ninguém estranhou este fato?
Obviamente os porta-vozes do Hamas, para atrair a atenção da mídia, fingiram estar visitando os feridos no hospital. Mas na realidade, esses membros do Hamas têm ficado no interior do hospital, acreditando -- até com alguma certeza -- que Israel não atacaria alvo tão sensível.
O preocupante é que os jornalistas estrangeiros não se incomodaram (ou talvez não tiveram a coragem...) em perguntar a qualquer um dos líderes do Hamas e a seus porta-vozes se eles estavam mesmo se escondendo no interior do hospital -- independentemente de quão óbvia seria a resposta. Aparentemente eles nem mesmo se questionaram quanto a isso...
Um jornalista estrangeiro explicou que tal pergunta colocaria "a minha vida em risco". Outro, enquanto tomava café, admitiu que ele e seus colegas estavam com medo de noticiar fatos que pudessem irritar o Hamas e outros grupos radicais.
"Sabemos que o Hamas usa os palestinos como escudos humanos", disse o repórter, que pediu para não ser identificado. "Mas por que você relataria isso ao estar no meio da Faixa de Gaza, cercado por homens armados do Hamas?"
Em 22 de julho, o Hamas e os grupos de "resistência" palestinos emitiram um alerta para que os moradores da Faixa de Gaza permanecessem em casa depois de 11:00 [ignorando orientações do exército israelense]. O aviso, que também foi ignorado pela maioria dos jornalistas, foi publicado em vários sites filiados ao Hamas.
Então aqui está o Hamas, literalmente impondo um toque de recolher ao moradores da Faixa de Gaza, na esperança de que eles sejam mortos ou feridos por Israel. Mas isso, na opinião da imprensa internacional, é uma história que, obviamente, não vale a pena ser contada.
Mais evidências do uso de civis como escudos humanos pelo Hamas vieram à tona em 10 de julho. O Ministério do Interior do Hamas publicou, em árabe, um comunicado em seu site pedindo a moradores que não atendessem os pedidos israelenses para que deixassem suas casas -- que seriam alvos das forças de defesa de Israel.
É claro que esta mensagem não foi disponibilizada na versão em inglês do site do Ministério. Parece que o Hamas não quer que o mundo saiba que seus líderes, de suites de hotéis de luxo no Qatar e em outros lugares, estão usando civis como escudos humanos.
Embora quase todos os jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza tenham tradutores árabes, nenhum deles considerou necessário alertar seus colegas estrangeiros sobre o aviso do Hamas. Alguns repórteres ocidentais que mais tarde ficaram sabendo do caso preferiram ignorá-lo. Afinal, quem quer ter problemas com o Hamas, especialmente quando seus líderes e combatentes estão tão nervosos e ocupados se deslocando de um esconderijo para outro?
Além da história dos escudos humanos, há uma outra questão que a imprensa internacional também optou por ignorar: a execução extrajudicial de "colaboradores" palestinos durante as últimas duas semanas.
Fontes palestinas confirmaram que o Hamas executou pelo menos 13 pessoas por suspeita de "colaboração" com Israel. Nenhum dos suspeitos foi levado a julgamento, e as execuções teriam sido realizados de maneira extremamente brutal, com torturas que incluiram espancamentos e fraturas de braços e pernas.
Segundo as fontes, o Hamas também tem atirado nas pernas dos suspeitos de "colaboração" para impedi-los de se locomover. Muitos outros, incluindo ativistas do Fatah, foram colocados em prisão domiciliar pelo Hamas.
Esta não é uma história que o Hamas gostaria de ver publicada pela imprensa internacional e, por isso mesmo, nenhum dos jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza mencionou os assassinatos brutais em suas matérias. Eles temem perder o acesso a Gaza caso publiquem notícias que não interessem ao grupo.
O Hamas também tem sido bem sucedido em impedir que a imprensa internacional informe sobre vítimas do próprio Hamas. As únicas vítimas que os jornalistas estão autorizados a mencionar são os civis. Você já viu alguma foto ou relatos na mídia internacional sobre quaisquer membros do Hamas mortos? Claro que não. Ninguém viu. A história oficial é que eles não existem.
Os jornalistas estrangeiros que trabalham na Faixa de Gaza têm cumprido as exigências do Hamas e continuam a evitar histórias ou fotos que mostrem a exploração cínica que o movimento islâmico faz de civis inocentes durante a guerra. A mídia tem mais uma vez tomado partido no conflito israelo-palestino. E dessa vez, é a mídia que está ajudando o Hamas cometer crimes de guerra e sair impune.
Bassam Tawil é jornalista no Oriente Médio.
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