terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quem eram os palestinos antes da criação de Israel?



Edição de 16 de maio de 1948 do Palestine Post, jornal de língua inglesa publicado na Palestina, anunciando a declaração de independência de Israel


Escritores gregos e romanos utilizavam os termos "Palestina" e "palestinos" para se referir a terra de Israel e a seus habitantes judeus. Assim como Filo e Josefo -- escritores judeus que viveram no século I.
No início do primeiro século da EC, o poeta romano Ovídio descreveu a observância do sabá judaico com as palavras "a festa do sétimo dia que os Sírios da Palestina observam". Outros autores latinos, como o poeta Estácio e o historiador Dio Crisóstomo, também falaram dos judeus como palestinos e da pátria judaica como Palestina. Da mesma forma, na literatura judaica talmúdica (século III EC), 'Palestina' é usada como o nome da província romana que une as províncias da Fenícia e da Arábia (isto é, a Terra de Israel).

No século IV EC, a Terra de Israel estava dividida em três províncias chamadas de primeira, segunda e terceira Palestina. Mas após a conquista muçulmana, em 638 EC, o termo caiu em desuso. O nome não aparece no Corão, que se refere ao local simplesmente como "Terra Santa". Da mesma forma, Jerusalém não é mencionada no Corão e diversos historiadores árabes se referiram a cidade como Iliya (adaptado do latim 'Aelia') ou  Bayt Maqdis (adaptado do hebraico Beyt haMiqdash - Santa Casa), e, finalmente, como al-Quds -- como a cidade é conhecida hoje.

Com os cruzados a Palestina ganhou vida novamente. No entanto, após a queda de seu reino o nome "Palestina" deixou de ser usado oficialmente, mas foi preservado por cartógrafos cristãos em mapas desenhados em suas respectivas terras. Desde o início da ocupção islâmica da Terra de Israel até o final do século 19, os habitantes da região entre o rio Jordão e o Mediterrâneo se identificavam não por seus locais de nascimento, mas por suas religiões.

O termo 'Palestina' só começou a ser usado nos tempos modernos durante o mandato britânico (1917-1948). Para os britânicos Israel tinha deixado de existir nos tempos antigos e 'Palestina' era o termo usado na literatura clássica para a designar a pátria judaica. Isso pode ser visto, por exemplo, na Enciclopédia Judaica (publicada em Londres em 1905), que afirma que a Palestina é "a parte da Síria que antigamente era a posse dos israelitas". Dada a tendência britânica para a exatidão histórica, o termo era aplicado apenas aos residentes judeus da região. É por esse motivo que a referência padrão britânica para a definição de termos e expressões de seu idioma, o Dicionário Inglês Oxford, definia o termo "Palestinos" como:
1. "os judeus que retornaram a Israel de Moscou";
2. "os voluntários judeus que serviram o exército britânico para lutar contra a Alemanha".

É por este motivo que os soldados judeus que serviram com os aliados durante a Segunda Guerra Mundial tinham a palavra "Palestina" inscrita em seus distintivos de ombro.

Além disso, sob o Mandato Britânico, o jornal Jerusalem Post (propriedade judaica) era conhecido como The Palestine Post, a Orquestra Filarmônica de Israel era conhecida como a Orquestra Filarmônica da Palestina e selos postais emitidos na Palestina vinham com a inscrição "Palestina - EI", sendo o EI uma abreviatura cujo significado é "erets Isra'el" (hebraico para a Terra de Israel).

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