Bandeira da revolta árabe, que foi criada pelo diplomata britânico Sir Mark Sykes. As quatro cores da bandeira representavam as diferentes dinastias árabes: abássidas, omíadas, fatimidas e hachemitas. Ela serviu de base para todas as bandeiras dos recém-criados estados "árabes"
Desde a formação do atual Oriente Médio, criado na sequência da Primeira Guerra Mundial, a vida política da região tem sido atormentada pela doutrina do "nacionalismo árabe", que postula a existência de "uma única nação [árabe] vinculada por laços comuns de língua, religião e história... por trás da fachada de uma multiplicidade de Estados soberanos".
A extensão territorial desta suposta nação varia de acordo com os diferentes expoentes da ideologia. Os mais "modestos" reivindicam o território que engloba a Península Arábica, o Levante e o Delta do Nilo, enquanto outros, ainda não satisfeitos, complementam o "mundo árabe" com todo o norte da Africa, Sudão e partes do Irã e da Turquia.
Um detalhe importante é que a suposta unidade das populações de língua árabe que habitam esses vastos territórios nunca é questionada. Nas palavras do acadêmico árabe-palestino Walid Khalidi, que não sente a mínima vergonha de assumir que a realidade e os fatos não têm o poder de mudar suas noções preconcebidas: "Esta nação é real, e não potencial. O fracasso manifesto de até mesmo nos aproximarmos de uma unidade não nega a realidade empírica da nação árabe. Ele simplesmente adiciona dimensões normativas e prescritivas à ideologia do pan-arabismo. A nação árabe não só é, como deve ser uma".
Propaganda a parte, o "nacionalismo árabe" não passa de ficção. Ele não representa e nunca representou um movimento nacional genuíno, e não passa de um eufemismo para o mais claro exemplo de imperialismo existente nos dias de hoje. Não há e nunca houve uma "nação árabe" e sua invocação nunca foi nada além de um manobra esperta para angariar apoio popular e simpatia da "opinião pública mundial" para as ambições imperialistas de socialistas árabes e líderes islâmicos órfãos dos califados.
Se uma nação é um grupo de pessoas que partilham ascendência, língua, cultura, tradição e história em comum, então nacionalismo é o desejo de autodeterminação de tal grupo em um território específico que eles consideram ser o seu patrimônio.
Os únicos denominadores comuns entre as diversas populações de língua árabe do Oriente Médio são língua e religião -- ambas impostas a força e conseqüências da época imperial islâmica. E mesmo esses fatores comuns nunca geraram nenhum sentido comum de solidariedade "árabe". Isso sem falar em sentimentos profundamente arraigados de história comum, destino compartilhado ou apego a uma pátria ancestral... Esses sentimentos sequer existem entre os diversos grupos islâmicos, que consideram seus 'irmãos' de outras seitas como infiéis.
Mesmo sob impérios islâmicos universais, desde os tempos do califado omíada até o otomano, as populações falantes de língua árabe do Oriente Médio nunca se unificaram ou chegaram a se considerar como uma única nação. Muito pelo contrário, os vários reinos e impérios árabes sempre competiram pelo domínio regional ou se desenvolveram paralelamente com outras culturas sob a mesma égide imperial.
Thomas Edward Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia
Esta dissonância entre o verdadeiro nacionalismo e o sonho de um império árabe e/ou islâmico embrulhado como uma "nação árabe" unificada criou um legado de violência eperseguições de minorias que tem assombrado o Oriente Médio.
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