quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

ONG palestina publica artigo afirmando que judeus bebem sangue de cristãos na Páscoa

Em 1998, Hanan Ashrawi, atual membro do Comitê Executivo da OLP, criou a ONG Miftah (مفتاح). 

É assim que a ONG se apresenta em seu site oficial:
"Fundada em Jerusalém em dezembro de 1998, com Hanan Ashrawi como sua secretária-geral, Miftah pretende promover os princípios da democracia e da boa governança nos vários componentes da sociedade palestina; procura ainda envolver a opinião pública local e internacional e autoridades na causa palestina. Com esse intuito, Miftah adota os mecanismos de um diálogo ativo e em profundidade, do livre fluxo de informações e idéias, bem como networking local e internacional."

Quando Barack Hussein Obama, o presidente dos EUA, esteve em Israel, ele discursou para alunos universitários. Sua chegada coincidiu com a Páscoa judaica e ele acabou mencionando a festividade religiosa. 
Alguns dias depois, a ONG Miftah publicou um artigo escrito por Nawaf al-Zaru (originalmente publicado em um jornal jordaniano). Ele usa a fala de Obama para, mais um vez, trazer o velho -- e ainda extremamente popular no mundo árabe -- libelo de sangue:
"Em sua recente visita à "Israel", o presidente Obama não só fez um discurso oleoso e puramente sionista, mas [também] adotou a velha e tradicional retórica sionista. Ele não só prometeu lealdade a entidade [sionista], [como também prometeu] apoio militar, econômico, de comunicação e tecnológico sem limites. [Ele não só] registrou a Palestina como propriedade [sionista], uma vez que ela é "uma terra sem povo para um povo sem terra", como também entregou Jerusalém [aos sionistas] para ser a capital eterna de "Israel". Ele foi ainda mais longe, adotando as festas judaicas e seus os rituais religiosos.
Em um discurso para estudantes israelenses, com a intenção de transmitir a sua "mensagem sincera aos cidadãos [israelenses]", ele disse que estava "orgulhoso de ter trazido esta tradição para a Casa Branca", e acrescentou que ele fez isso porque ele queria que suas filhas aprendessem o legado de libertar os escravos da servidão. [Obama disse ainda que], para os afro-americanos, a história do Êxodo é "a mais poderosa imagem sobre a fuga das garras da escravidão para alcançar a liberdade. Para o povo judeu, a viagem com a promessa do Estado de Israel foi uma dor através de incontáveis gerações. Envolveu séculos de sofrimento e de exílio, preconceito, pogroms e até genocídio. Através de tudo isso, o povo judeu sustentou a sua identidade e tradições únicas, bem como um anseio para voltar para casa." Assim falou Obama sobre direito dos israelenses a Palestina...
Você consegue imaginar o presidente americano lendo este tradicional texto religioso sionista fajuto na frente de estudantes israelenses, como uma mensagem aberta para o mundo em uma transmissão direta e ao vivo? [Soa como um discurso] que não foi feito por Obama, e sim pelo maior rabino de Israel. Se tivéssemos encontrado este texto em outro lugar, nunca o teríamos atribuído ao presidente americano! 
Podemos compreender o presidente americano visitando [Israel] e bajulando [os israelenses], expressando apoio e fortalecendo a aliança estratégica entre os dois países. Mas adotar rituais judaicos? Por que, senhor presidente? Imagine a "Páscoa judaica" se tornando uma tradição na Casa Branca! Será que a Casa Branca se tornou uma escola religiosa judaica dirigida pelos maiores rabinos judeus?! Ou talvez ela tenha sido ocupada pelo lobby sionista, como diz Uri Avnery. 
Esta não é a primeira vez que o presidente Obama [comemorou] a Páscoa judaica. Ele também fez isso no passado. Em 2009, ele convidou amigos próximos e alguns funcionários de sua administração para um jantar especial na Casa Branca por ocasião do feriado. Funcionários da Casa Branca revelaram que o jantar tinha incluído pratos especiais da cozinha judaica. Os judeus chamam esta refeição 'Seder de Pessach'...
Será que o presidente Obama sabe a verdade sobre a conexão entre 'Pessach' e 'sangue cristão", por exemplo?! Ou entre "Pessach" e as "danças de sangue judaicas"?! Ou isso é uma forma de se curvar ao Conselho Judaico, a fim de agradá-lo ou para compensar as declarações sobre uma "solução de dois Estados"... ?!
Muitos dos relatos e histórias sobre as danças de sangue judaicas na Europa são baseados em rituais reais, e não em invenções, como afirmam. O fato que "os judeus usavam sangue cristão durante a Páscoa judaica" foi documentado pelo professor e historiador judeu Ariel Toaff** da unviersidade Bar Ilan, em seu livro Páscoas de sangue, que foi publicado na Itália... Apesar da enxurrada de condenações dirigidas a ele, [Toaff] insistiu que as denúncias apresentadas no seu livro eram baseadas em fatos, incluindo [alegações] sobre alguns dos libelos de sangue europeus. O autor observou que tinha conseguido provar, ao longo de dezenas de páginas, que o sangue é fundamental para a festa da Pessach, e que ele tinha chegado à conclusão de que o sangue foi usado durante as festividades de Pessach, especialmente pelos judeus ashquenazes, que acreditavam que o sangue das crianças tinha qualidades especiais, portanto, usavam poderes feitos do sangue [das crianças].
Obama enfrenta muitas perguntas em relação a este assunto, a principal delas diz respeito à ligação entre Pessach e sangue, e [também a questão] por que Pessach está se tornando uma tradição na Casa Branca. Isso está acontecendo por servilismo, lealdade ou [por um sentimento] de dívida ...? "

O texto foi retirado depois de uma campanha expondo a ONG. Para tentar abafar o caso, ela apagou o texto e emitiu uma pequena explicação em inglês. O artigo foi publicado somente em árabe, mas nenhuma errata ou desculpa foi publicada neste idioma.


O texto publicado no site da ONG Miftah

Algumas das instituições que bancam a ONG Miftah:
UNESCO (ONU), Anna Lindh Foundation (União Européia), Fundação Ford,  os estados da Dinamarca, Noruega, Irlanda, Finlândia e da Áustria, além do Fundo Árabe para Desenvolvimento Social e Econômico, Heinrich Boell Stiftung, UNFPA e Konard Adenauer Stiftung. O orçamento da Miftah em 2009 passou de 800 mil dólares. 



**O professor citado se retratou por essas alegações já que ele não pôde prová-las
 "Jews were not involved in ritual murder, which was an entirely Christian stereotype." 
"There was no relationship whatsoever between the so-called 'ritual of blood' and ritual infanticide"

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