sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Em artigo para o Instituto de Estudos da Palestina, ex-negociador da OLP diz que fatos históricos são "narrativa sionista" e que sua aceitação vai de encontro a causa árabe-palestina

Em 2011, o ex-negociador da OLP, Ahmad Samih Khalidi, escreveu um artigo para  o Institute for Palestine Studies (مؤسسة الدراسات الفلسطينية) chamado "Por que os palestinos não podem reconhecer o Estado Judeu?":
[S]e Israel é a pátria do povo judeu, então as terras que ocupa hoje (e talvez mais, já que ainda não há fronteiras para essa "pátria") pertencem a este povo por direito. E se essas terras compreendem por direito a pátria judaica, então a presença árabe lá se torna historicamente aberrante e contingente; os palestinos se tornam efetivamente ocupantes e invasores - uma presença transitória nas terras da nação de outra pessoa. 
Este não é um ponto discutível ou exagerado. Ela toca no cerne do conflito e em sua gênese. Na verdade este é o ponto central da reivindicação sionista para a Palestina: A Palestina pertence aos judeus e o seu direito à terra é anterior e superior ao dos árabes. Isto é o sionismo, e o que justifica tanto o retorno dos judeus para a terra como a desapropriação de seus habitantes árabes. 
Claramente, esta não é -- e nem pode ser -- a narrativa árabe-palestina. Os palestinos não acreditam que a presença histórica judaica e sua ligação com a terra implica uma reivindicação superior a ela. A Palestina, como nossa pátria, foi estabelecida no decorrer de mais de 1.500 anos de presença árabe-muçulmana contínua [1], [2], [3], [4], [5] ; foi só pela força superior e tramas coloniais que nós fomos despojados dela [1], [2], [3][4], [5], [6], [7]  . Para nós, adotar a narrativa sionista significaria que as casas que os nossos antepassados construíram, a terra que eles cultivavam por séculos, e os santuários que eles construíram e nos quais rezaram não eram realmente nossos, e que a nossa defesa deles era moralmente falha e injusta: não tínhamos qualquer direito sobre eles desde o começo.
O argumento é simples: Se o povo judeu tem o direito de autodeterminação em sua pátria histórica, isso coloca os árabes-palestinos em desvantagem política. Portanto, eles não podem aceitar isso.

Mesmo se for verdade. 

A história é opcional e pode ser descartada quando se torna politicamente inconveniente. A preocupação principal não é encontrar a verdade ou uma forma de conciliar as duas narrativas. O ponto principal é rejeitar totalmente a histórica e a inegável reivindicação judaica, não importando qual é a verdade. E no texto acima a razão apresentada é clara: não é porque os árabes-palestinos têm uma reivindicação superior à terra, é porque a reivindicação judaica é incompatível com os objetivos nacionalistas dos árabes-palestinos.


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