segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ativista palestino acusa ONG de direitos humanos de ignorar crimes palestinos e só investigar Israel; ele afirma que governos europeus só financiam ONGs anti-Israel

Bassam Eid, um dos mais conhecidos ativistas de direitos humanos entre os árabe-palestinos, acusa a ONG de direitos humanos israelense B'tselem - da ele qual fez parte - de ignorar crimes cometidos pelos árabes-palestinos enquanto investiga Israel obsessivamente. 
Entre muitas outras declarações polêmicas, ele também afirma que governos europeus fornecem, com facilidade, grandes quantidades de dinheiro a qualquer um que decida criar uma organização anti-Israel. 

A entrevista abaixo foi publicada em uma revista israelense chamada Shvi'i (שביעי) e traduzida pelo leitor Kobi S.



Você não tem medo de publicar críticas contra o Hamas, acusando-o de assassinar o povo de Gaza?
Sim, mas é verdade e isso dói. Acho até que o Hamas gostaria de ter tido pelo menos 5.000 mortos. 

Eu tenho um amigo de Khan Yunis, e ele disse que uma noite, à meia-noite, quatro homens armados do Hamas vieram, bateram na porta e disseram a todos para sairem de casa. Ele lhes disse que tinha dez filhos dormindo ali. Eles exigiram que ele levasse todos para fora, porque eles queriam disparar mísseis do telhado. Ele recusou enfaticamente. No dia seguinte, homens mascarados o espancaram quase até a morte e expulsaram todos...

As pessoas de Gaza apoiam o Hamas hoje em dia?
Olha, se a pergunta é se os moradores de Gaza querem vingança... a resposta é sim. Se eles são partidários do Hamas? Eu acho que não. Por um lado, as pessoas em Gaza têm medo de falar, quem fala é considerado um colaborador e é baleado na maior praça da cidade de Gaza.

E por que você não tem medo? Você não tem medo que eles te machuquem? Ou que machuquem seus filhos?
Não, pelo contrário. Toda vez que eu escrevo, as reações que recebo são: "bom" e "você está certo". 

A crítica deriva da crença e da percepção de que nós, os palestinos, podemos estabelecer um estado verdadeiramente democrático. Mas para que isso aconteça, não devemos ser como os regimes islâmicos árabes vizinhos. Se estes regimes são a escolha que temos, seria melhor viver sob controle do Estado de Israel.

A Autoridade Palestina é corrupta?
Sim, mas vamos dizer o seguinte: há corrupção financeira de peculato de fundos públicos e corrupção política. Corrupção política é um governo que o público palestino desconhece por completo tudo o que se passa com ele. Se eu quiser saber algo sobre suas negociações eu tenho que chamar a imprensa israelense ou a imprensa internacional. A imprensa árabe não mostra nada exceto "mártires" e demolições de casas, e se alinham com Abbas. Eu não sou enganado pela mídia árabe. Quando me chamam para dar entrevistas para imprensa árabe eu digo que estou no exterior".

Em Israel também há veículos de comunicação próximos ao governo.
Sim, mas na Autoridade [Palestina] é como uma orquestra. Israel tem muito mais liberdade para os jornalistas. Durante a operação 'Margem Protetora' a imprensa israelense atacou Netanyahu e o governo, [enquanto] a imprensa palestina falava de "vitórias". Milhares de pessoas foram mortas, mas eles falavam em celebrações. Há concorrência na imprensa israelense, [na Autoridade Palestina] não há concorrência. "Concorrência" é apenas uma bela imagem de Abbas publicada na primeira página. Se eu publicar um artigo contra o Hamas, não há chance [de ser publicado].

Algumas semanas atrás Bassam Eid participou de uma conferência da Organização Sionista na universidade Bar Ilan. Lá, também, Eid surpreendeu a platéia quando ele ridicularizou organizações palestinas que declararam boicote a Israel. "Os palestinos são os últimos que podem declarar um boicote a Israel. Vamos ver o que acontece se todos os palestinos boicotarem Israel, fábricas nos assentamentos... o que acontecerá?

Então, o que aconteceria?
Abbas não os alimentarias e não lhes daria empregos. Depois da Margem Protetora, foi acordado [que Israel] empregaria mais 5.000 trabalhadores de Gaza em Israel... isso é um boicote? Eu imploro para que me dê mais empregos e, em seguida, exijo um boicote? E mesmo que eles proíbam a venda de produtos palestinos para Israel, a economia israelense não vai sofrer. Isso faria mal aos palestinos, que ganham quatro ou cinco vezes mais em Israel que nos territórios [palestinos]. 

E quanto a declaração da Autoridade sobre a boicotar os assentamentos?
Isso mostra quão desconectados estão o público e seus líderes. Não há boicote. Há um "herói", Mustafa Barghouti, que é um homem muito corrupto. Ele roubou o dinheiro da Arábia Saudita [doado] para comprar ambulâncias. Ele afirma que inventou o boicote contra Israel e viaja por toda a Europa falando sobre isso. Ele está o tempo todo na Suécia e eles o ouvem... deixe que ele vá para Ramallah e para os territórios palestinos e que declare um boicote por lá.

Então tudo isso é um blefe?
É uma grande farsa da parte dos palestinos. Quer dizer que os árabes dos territórios não trabalham e compram no Rami Levi (um supermercado famoso por empregar e ser frequentado por árabes) de Gush Etzion? Ele (o boicote) não é imposto e não tem como ser implementado. Bir Zeit (cidade árabe) compra o sorvete Strauss. O vendedor de uma mercearia de lá pendurou uma placa dizendo: "este lugar só vende produtos israelenses".

Você foi um pesquisador da ONG de direitos humanos israelense B'tselem. Você ganhou um prêmio quando trabalhava lá. Como você classifica o B'tselem hoje?
Quando eu trabalhava no B'tselem, ele era uma organização muito apreciada em Israel. Eu não acho que a intensidade da raiva que existe hoje em Israel contra o B'tselem existia no passado. As coisas mudaram e o B'tselem também mudou. Os israelenses não consideram mais o B'tselem uma organização de direitos humanos. Na minha opinião, uma organização de direitos humanos tem que lutar contra todas as violações de direitos humanos, não importa o que acontece. Na época, eu conduzi uma investigação abrangente sobre terroristas suicidas palestinos e entrei em contato com o B'tselem, perguntando se eles queriam emitir um relatório conjunto. O B'tselem não gostou da idéia e eu me enraiveci. Hoje todas as organizações israelenses e palestinas -- todas elas -- investigam Israel. Ninguém abre a boca para falar da Autoridade Palestina, de suas torturas e detenções administrativas.

Você abandonou a organização e começou uma que era crítica em relação a Autoridade Palestina.
Exatamente. Tivemos um problema financeiro. Eu acho que a política da nossa organização não é consistente com a política externa da Europa. A Suécia, por exemplo, nunca me deu um centavo, [porque] eu sou um crítico da Autoridade Palestina enquanto eles gostam da Autoridade Palestina e são contra Israel.

Eles querem que você deixe a Autoridade Palestina em paz e que se concentre em Israel?
Se eu quiser criar uma ONG anti-Israel, eu prometo que amanhã eu receberia meio milhão de dólares da Suécia. Mas o dinheiro não me interessa. Eu só não entendo a diferença entre a organização europeia de direitos humanos que protege um "Ahmed israelense", mas não quer proteger os direitos humanos do "Ahmed da Autoridade Palestina"...

Você prefere viver sob controle de Israel como um israelense?
Eu quero um estado palestino democrático. Se eu não conseguir, eu não tenho nenhum problema em viver em paz sob ocupação israelense. Eu estive na maioria dos países árabes e vi o que suas prisões realmente são, o que é uma tortura de verdade. Não quero ser parte disso (de um país árabe como os outros) de maneira nenhuma. E eu vou te contar um segredo: com certeza 80% dos palestinos de Jerusalém Oriental pensa desta maneira"

Um comentário:

  1. Então, lógica irrefutável: estado palestino nunca. Gaza e Cisjordânia apenas sobre Israel Judeu.

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